terça-feira, 1 de junho de 2010

Untitled.

Nasceu sem complicações, o parto durou o quanto devia durar. Já nasceu chorando, o médico não precisou estimular a respiração com o seu tapa.

Cresceu.

Quando pequeno, conseguiu dar seus primeiros passos na primeira tentativa. Suas primeiras palavras foram pronunciadas sem dificuldade. Anos depois, tirou as rodinhas de sua bicicleta. Os pais orgulhosos, o filho anda pela primeira vez, sem nem um tombo.

Na escola, fez várias amizades. Não havia uma pessoa com quem ele não conversasse. Suas notas, sempre máximas. Era o artilheiro do timinho de futebol.

Aos dezoito anos se apaixonou, e dez anos depois, casou com ela. Entrou na faculdade. Federal. Primeiro vestibular. Durante o curso, estagiou numa única empresa. Foi contratado. Foi promovido.

Trinta anos. A família em volta de um berço. Primeiro filho. Seis anos depois, primeira viagem em família, leva o Júnior pra Disney. O garoto adora, se comporta na viagem toda, ele é o reflexo perfeito do seu pai.

Viveu saudável por noventa e cinco anos. Teve sua esposa ao seu lado, seu filho, seus netos.

Morreu de velho.

Quando a vida passou diante de seus olhos, percebeu que a causa da morte não havia sido a velhice, e sim o tédio. Tédio, por nunca ter errado na vida. Percebeu que era sábio, mas que não aprendeu nada. Tinha tido lembranças boas, mas esqueceu-se que são as ruins que fazem das boas inesquecíveis. Seu único erro foi viver sem errar.

Erro pra caralho, e aprendo com cada um. Terei estórias pra contar.

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