quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Big Brother.

Em situações hipotéticamente insignificantes ou mínimas que percebemos a vulnerabilidade do ser humano.

A fragilidade emocional está em todos, em proporções iguais. O que difere é o catalizador de cada um para que as emoções consumam e controlem o corpo.

Para alguns, esses catalizadores são situações que para outros sejam comuns.

Você está fora de casa, e por acaso se encontra com pessoas passando pelo mesmo. Amizade instantânea, mesmo tendo conhecimento do fim que esse encontro terá.

E a semana passa.

E a notícia vem.

E então, como o castelo de cartas que você fez naquela tarde despreocupada, você desaba.

São apenas sete dias. Sete dias de convivência, e estes sete dias, quando chegam ao fim, te deprimem imensamente.
O ser humano é vulnerável demais.

Vunerável para se deixar abalar com a saudade, com a despedida, mesmo daqueles de quem você mal conhece.
Vunerável também para criar momentos em sete dias que serão lembrados a vida toda.

Mas é com essa vulnerabilidade que percebemos a verdadeira importância das coisas.
É com ela que percebemos que não devemos lamentar a partida ou a perda, mas relembrar as horas agradáveis, e realimentar a possibilidade de um futuro reencontro, o mais tardar que seja.

A vulnerabilidade nos faz distinguir os bons dos maus momentos.

Portanto, obrigado vulnerabilidade, por me fazer tão fraco às pessoas, e a convivência com os mesmos.
Nos veremos em breve.



Dedicado àqueles que sabem a quem me refiro.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Music.

Bate uma impressão de que o tempo chegou. E já está indo.

E você olha pra trás, e não vê felicidade. Você vê indiferença. A indiferença deprime. Você compara sua vida como a abertura de um filme. mais de duas décadas se passam em uma sequência editada de dois minutos e pouco, e uma trilha bem escolhida só te faz acreditar de que o que a cena mostra é a mais pura realidade.

Agora você acredita no que os outros dizem que sua vida é, no que os outros dizem que sua vida foi, e tem sido. Suas músicas preferidas passam a dizem o mesmo, coincidentemente.

Para você, seus vinte e um anos foram tão interessantes quanto alguns minutos de sua vida com The Times They Are A-Changin' tocando ao fundo. Seus relacionamentos foram todos Everchanging's.


Então você começa a afundar.


E esquece que seu caminho teve outras trilhas sonoras. Você não é só mais um operário em Construção.

Em seus relacionamentos, você encontrou uma Jessie's Girl. Sua vida não foi inteira Sound Of Silence. Também houveram Mrs.Robinsons, New Age Girls.

Sua vida sempre terá One Fine Day. Tudo em prol de se tornar um Betterman.

domingo, 19 de setembro de 2010

Hippopotamus.

A maioria das pessoas passa a vida inteira sem enxergar. São as pessoas que, pela sociedade, são consideradas "felizes".

Essas pessoas "felizes", ou "cegas", são aquelas que vivem sem preocupações, aquelas que realmente acreditam que todo ser humano tem um lado bom, e aquelas que acham que o mundo é um lugar perfeito. Isso se realmente acreditarem no que pregam.

Pessoas "felizes" são hipócritas. Hipócritas porque, embora exteriormente estejam sorrindo, seus interiores estão em prantos. Hipócritas porque fazem questão de demonstrar o quanto são melhores que as pessoas "realistas", quando na verdade fazem isso para ofuscar a verdadeira inferioridade.

E principalmente, hipócritas porque dizem ajudar o mundo a alcançar a perfeição, enquanto esta nunca será alcançada enquanto houver hipocrisia nele.

Infelizmente, a hipocrisia está em todo lugar.

Vemos constantemente vegetarianos que dizem não comer carne pelo maltrato do animal, mas vão para casa depois e comem um ovo, no qual o animal que forneceu o alimento também foi maltratado, passando a vida inteira enjaulado, apertado a seus semelhantes, e vivendo apenas para atender suas necessidades.

Infelizmente, a hipocrisia está em todo lugar.

Vemos ativistas de organizações não governamentais constantemente revoltados com as madames que usam casacos de pele, mas direcionam essas revoltas apenas aos coelhos, chinchilas, esquilos, esquecendo que o próprio couro também deríva de um animal.
Acho que faz sentido se revoltar por um casaco de animal que é vendido por milhões, invés de dar atenção para o casaco a preço de banana, do animal que foi abatido com a mesma brutalidade, não é?

Infelizmente, a hipocrisia está em todo lugar.

E a hipocrisia continua, se alastra.
Está na política, o habitual debate, onde nos deparamos com o "sujo falando do mal-lavado".
Está no trabalho, os metidos a fodões que tratam mal seus empregados, esquecendo que também têm chefes.
Está na família, o pai que manda o filho a se comportar, quando na idade dele era ainda mais desobediente.
Está na religião.
Na religião.
Com certeza, na religião.
Nem preciso de exemplos.

E infelizmente, a hipocrisia só cresce.
Só contamina.
Só infecta.





Infecta tanto, que prefiro concluir por aqui. Ou seria um hipócrita.

sábado, 19 de junho de 2010

Youth.

Descobri a fonte da juventude. Seu elixir não pode ser comprado, não está em prateleiras, não há um preço para ele. É algo que você recebe. Ou descobre.

A fonte da juventude está em todos os lugares, mas cada pessoa deve encontrar sua própria maneira de enxerga-la, para depois, poder beber de sua água.

Relatando minhas próprias experências, hoje sei como alcançar tal fonte. Não precisei procurar tão longe. A resposta veio a mim convivendo com alguém que admiro muito, dona Maria Regina.

Dona Maria Regina, ou dona Nega, como é conhecida, tem sessenta e oito anos. Casada com Nelci, ou seu Ciço. Mãe de duas filhas, avó de três netos. Dona Nega é peculiarmente ativa. Alguns chovinistas poderiam dizer que com quase setenta anos, o melhor para ela seria ficar em casa, cozinhar para o marido, se esconder desse mundo violento que cada vez mais trás saudades de uma época que infelizmente não conheci, e assim, tornar-se um vegetal que os parentes visitariam aos domingos para um almoço.

Felizmente, Dona Nega não dá ouvidos para tais chovinistas. Com a idade que tem, é incrivel acompanhar como a cada ano que passa, vovó parece mais jovem. Acredito que nos últimos anos, Maria Regina aprendeu a nadar, fez cursos de fotografia, internet, além das inúmeras aulas de hidroginastica que até hoje faz, sendo (com orgulho) a mais vivida do grupo.

Suas iniciativas para mim são e sempre foram inspiracionais, mas apenas concluí a simplicidade de permanescer jovem quando, há poucas semanas atrás, vovó Nega realizou o sonho da vida dela.

Conheceu a Europa.

Me emociono quando falo sobre isso. Minha avó é o perfeito exemplo de que gente de bem são recompensadas. Sempre honesta, justa, compreensiva e acima de tudo, simples. Com muita inteligência, admistrou o pouco dinheiro que ganhava, e há desessete anos, viajou para os Estados Unidos, acompanhada do marido, netos, genro e filha.

Ainda assim, o desejo de conhecer o continente europeu ainda permanescia em seu coração.

Levou algum tempo, mas conseguiu. Viajou para a Europa no dia 31 de maio de 2010. Estava tão animada quando descrevia cada cidade que iria visitar, que parecia uma garota.

Hoje sei que vivo para realizar meus sonhos, e quem sabe, viver para sempre.


Vó. Obrigado por tudo. Amo-te.

Vô Ciço, vô Julio e vó Julia. Com vocês aprendi que familia é a única coisa que importa. Obrigado pelos tios que tenho graças a vocês, e aos primos que tenho graças a eles. Estarão para sempre comigo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Untitled.

Nasceu sem complicações, o parto durou o quanto devia durar. Já nasceu chorando, o médico não precisou estimular a respiração com o seu tapa.

Cresceu.

Quando pequeno, conseguiu dar seus primeiros passos na primeira tentativa. Suas primeiras palavras foram pronunciadas sem dificuldade. Anos depois, tirou as rodinhas de sua bicicleta. Os pais orgulhosos, o filho anda pela primeira vez, sem nem um tombo.

Na escola, fez várias amizades. Não havia uma pessoa com quem ele não conversasse. Suas notas, sempre máximas. Era o artilheiro do timinho de futebol.

Aos dezoito anos se apaixonou, e dez anos depois, casou com ela. Entrou na faculdade. Federal. Primeiro vestibular. Durante o curso, estagiou numa única empresa. Foi contratado. Foi promovido.

Trinta anos. A família em volta de um berço. Primeiro filho. Seis anos depois, primeira viagem em família, leva o Júnior pra Disney. O garoto adora, se comporta na viagem toda, ele é o reflexo perfeito do seu pai.

Viveu saudável por noventa e cinco anos. Teve sua esposa ao seu lado, seu filho, seus netos.

Morreu de velho.

Quando a vida passou diante de seus olhos, percebeu que a causa da morte não havia sido a velhice, e sim o tédio. Tédio, por nunca ter errado na vida. Percebeu que era sábio, mas que não aprendeu nada. Tinha tido lembranças boas, mas esqueceu-se que são as ruins que fazem das boas inesquecíveis. Seu único erro foi viver sem errar.

Erro pra caralho, e aprendo com cada um. Terei estórias pra contar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Noise.

Descobri que não ligo para aqueles que provavelmente falam de mim pelas costas. Descobri isso através da música.

A música tem seus estilos, seus gêneros, seus públicos. Faço parte do pequeno público eclético, que considera "bom" qualquer barulho que me faça sentir bem. A minha música me faz sentir bem. Acredito que nenhuma outra pessoa se sinta assim em relação ao que sai da minha habilidade musical. Sim, habilidade, porque certamente, talento eu nâo tenho.

Admito, sem relutar. "Talento? Eu? não.". Mas depois encontro uma certa relatividade nesse termo. Talento pra me entreter, eu tenho. Talento para incomodar qualquer outro ouvindo, eu tenho. Indo nessa linha de pensamento, eu tenho talento! Agora, analizo as bandas da atualidade.

Restart. Banda mediocre, não preciso de mais adjetivos. Cheia de talentos. Acredito que a banda tem talento suficiente para encher os bolsos dos pivetes, no mínimo. Quem sabe, talento para por um sorriso no rosto da mamãe de cada um deles, ou até para fazer essa "Doomed Generation" de hoje chorar de alegria ao ver os "gatinhos" pulando no palco.





Desculpe. Tive que parar o que estava fazendo quando digitei "gatinhos". Quando lembro dessa palavra, é inevitável para mim não lembrar de Jonah Hill no filme Funny People imitando um gatinho no YouTube.





Voltando. Restart, portanto, tem esse talento. Também tem o talento que eu tenho para fazer música ruim, e provavelmente tem o talento de se entreterem com essa música.

Com tantos talentos em comum, me pergunto se um dia alguém irá me descobrir e me por num palco na frente da garotada enquanto todos os músicos de verdade ficam em casa falando mal e ganhando pouco.

Puff.

Acordei desse pesadelo. Se um dia tiver o prazer de estar num palco, que seja junto aos meus amigos, aqueles que tem o verdadeiro talento. Eu estaria lá como um host, não como um músico.

Me contento sabendo que a "música" que sai da minha guitarra, e o som que sai da minha voz, são o que o mundo considera lixo. E espero que esse mundo decadente nunca descubra meu lixo, ou será mais uma bomba na cultura que os gênios mais consagrados contruíram e que cada vez mais vem acabando.

Talvez um dia eu tente aprender a fazer música de verdade, fazer o que os Beatles fizeram, o que o The Who fez (e ainda faz), e assim eliminar de vez qualquer chance do meu lixo ser exposto.

Saudades do tempo que não viví, em que o talento era reconhecido, e o lixo, despejado.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Super Minimize Me.

Ontem percebi que o mundo não vive sem o capitalismo. Também percebi que se o mundo acabar, será por causa do capitalismo.

Adoro o capitalismo. Sou um consumista assumido, e gosto dos meus bens materiais. Ironicamente, o que mais odeio também é o capitalismo. Mas esse capitalismo odiável, prefiro chamar de Supercapitalismo.

Me refiro ao exagero da exploração das empresas em cima do consumidor. À essa total falta de respeito, que alguns de nós vive cegamente, desconsiderando seus próprios princípios.

Esse Supercapitalismo que me refiro pode ser encontrado em qualquer lugar. Para identificá-lo, basta apenas fazer uma compra, daquelas que ao pagar, você sente um aperto no coração, se sente triste ao mesmo tempo que se sente satisfeito pela compra.

Pessoalmente, esse aperto no coração acontece até com as compras dos outros. Cada individuo que eu tenho o desgosto de ver comprando uma McOferta por sei lá quantos reais, que eu sei que são mais de dez, me faz descredibilizar a própria humanidade. Houve uma época em que se pagava R$4,90 num Big Mac! Lembro que com o 11/09, o preço disparou. Em tudo. Revistas, comida, roupas, tudo. Mas após um ano, os preços foram se reorganizando, não voltaram ao que era, lógico, pois sempre se leva em conta a inflação, mas estavam consideravelmente justos.

O McDonalds não baixou seus preços. Continuou alto, na época (2002/03), permanesceu com seus R$8,90 por um lanche. Ninguém pareceu ligar para isso. Eu não ligava para isso.

Então aumentaram mais, a cada ano que passava. lembro quando decidi parar de comer nessa rede de Fast-Food. Cheguei com fome, e com uma nota de R$10,00, e saí indignado por não ter dinheiro comigo o suficiente para comprar um Cheddar McMelt.

PAGAR MAIS DO QUE R$10,00 NUMA McOFERTA É UM ABUSO!

Como se não bastasse, o lanche não tem o tamanho que costumava ter. Há quase 3 anos o McDonalds não recebe um centavo meu. Me recuso a comer lá, pelo preço. Sinceramente, não vou lá pelo preço, e repito esse argumento porque algo que me emputece muito são todos aqueles hipócritas que não gastam no McDonalds por serem "contra o capitalismo" e quando digo que não como mais lá, pressupõem que seja por essa mesma causa.

Ainda prego essa decisão para todos que comem no McDonalds, mas não sou radical como algum vegetariano tentando me convencer de não comer carne. Principalmente porque entendo que um palhaço amarelo e vermelho possa ser mais convincente que eu.

Se me perguntarem "você come no McDonalds?" estarei feliz em dizer: "Não". E, de vez em quando, completo com: "Como no Burger King". Muitos não veem diferença entre um e outro. Mas no bom e velho BK, paga-se o mesmo preço por três vezes mais comida.

Se, mesmo depois de ler, você ainda achar que estou exagerando, peça um McFish e responda se vale a pena pagar quase R$15,00 num "hamburger" do tamanho de um Nugget.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Only One.

Estamos em conflito com algo além do nosso controle. A cada dia, envelhecemos, e não podemos reverter esse processo. Aproveitar o dia como se fosse o último?

Preferível viver um dia após o outro. Se o seu último dia acontecer de ser ruim, paciência, você teve vários outros que valeram a pena.

Não somos presos a nada. Estar vivo é uma escolha pessoal, e escolher o que fazer de nossas vidas é o que há de mais pessoal nela. Quem julga o que é "aproveitar a vida"? A sociedade? E você com isso? Foda-se o que ela te diz, viva seu dia como você quer vivê-lo. O que você fará se no fim do dia olhar para trás e pensar "Não aproveitei esse dia como se fosse o último..." e subitamente no meio da noite seu coração parar de bater? Morreu miserável, como se devesse ter feito algo diferente. Esquece-se de todos os outros bons momentos que viveu em dias anteriores. Quando o tempo lhe permite, faça aquilo que tem vontade. E lembre que aqueles que talvez venham argumentando "Porque não sai hoje e aproveita o ar livre?" são aqueles que não aceitam o fato de que cada ser humano é singular. Mande-os para o inferno e volte para o sofá em que você estava confortavelmente aproveitando sua pequena folga do mundo.

"Faça por merecer", diz Tom Hanks a Matt Damon em Saving Private Ryan. Não viva pensando nisso. Sua vida não foi dada a você por um preço. Francamente, vencer uma corrida com mais de duzentos milhões de outros competidores já te faz digno do prêmio.

No fim, você não precisa da aprovação de ninguém, além da sua.

domingo, 11 de abril de 2010

Happy Alone.

Assim, as pessoas, de tempos em tempos, se isolam do resto do mundo. Preferem a companhia dos mesmos, e refletem. Se recluem para a solidão, mas não percebem que a solidão é uma mera fantasia utópica criada pelo homem.

Afinal, a pessoa se encontra acompanhada do silêncio, e ironicamente este se expressa mais do que a maioria. O silêncio cria e forma opiniões, controla, toma decisões. É quando estamos na presença do silêncio que podemos perceber a vulnerabilidade do ser à algo tão simples. A pessoa pode tentar contorná-lo, mas estaria rodando em círculos.

Em uma pobre tentativa de acabar com a solidão, a pessoa transforma seus pensamentos em palavras, acaba por ouvir a si mesma, e consequentemente, a discordar com o que ouve.

Este conflito tende a rotacionar continuamente, e a discórdia se transforma em paranóia. Não há mais lucidez, apenas um ser repleto de incerteza. A solidão domina você com frieza, se alimenta da sua disposição, desfoca seus pensamentos. Maliciosamente, ela se disfarça da sua própria imagem, e quando fitamos o espelho, vemos apenas o ódio.

O maior desafio para o ser, é conviver na presença de si mesmo. Se nos isolarmos para evitar a companhia dos insuportáveis, o que fazer quando nos tornarmos insuportáveis à nossa própria companhia?

Concluímos que a solidão nos fere, pelo fato de nunca estarmos completamente sozinhos. Em qualquer momento de isolamento, a pessoa ainda tem a presença de sua conciência, e os pensamentos que involuntariamente vieram até ela.

É quando finalmente percebemos que atrás desse conflito, há uma imagem ofuscada, e a curiosidade nos obriga a nos afastarmos da guerra para distinguirmos o que era aquilo. Quando chegamos onde a imagem se encontrava, não a encontramos, mas nos vemos cercados daqueles que ocupam nossos dias de sentimentos.

Não há a imagem, mas há a clareza. Não está mais cercado de solidão, e sim daqueles que ama. Sua mente está fluindo melhor.

A imagem que te fez seguir adiante e desviar dos ataques nunca chegou a ser devidamente revelada, mas não importa.

Você no fim descobre que era o amor.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Lie.

Em meio a celebração, à mistura de sabores, aos risos, às danças, o sentimento puro contagiava. Era possível vê-lo, nos rostos de cada individuo.

As pessoas se dispersavam enquanto o Sol chegava. A hora de ir. O conto de fadas que supostamente teria um final feliz, transforma-se numa versão pós-moderna de Cinderela, e o encanto acaba.

O desespero toma conta em questão de segundos. A mente dispara. O caos preocupa. O amigo segura as rédeas. Um telefonema para informar a familia, mas a preocupação é constante. Temos agora um pai preparando-se para subir a serra e arrumar a situação. A poucos metros, o carro descansava, e a chave, ia embora.

Roubo? Sim, da alegria e (aparentemente) da liberdade. Chegar em casa, o suor frio era visível, e a incerteza era demonstrada através de palavras gaguejadas. Oito da manhã, e ainda telefonando, tentando se comunicar com alguma alma capaz de amenizar os danos. A preocupação é tanta mas o sono é forte. Às nove, acordar com o medo em pessoa. "Pode ir descansar." ele diz, num tom siciliano, lembrando o poder de Michael Corleone após a morte de seu pai.

A lentidão para processar tanta informação em tão pouco tempo, ainda meio desacordado, intensifica a "prova" de que o álcool consumia o corpo, quando no entanto, era o sono. O odor "comprovava" o consumo, mas este vinha das roupas, e não do hálito. Uma hora da tarde. O pai não se encontra.

A situação faz parecer que as poucas doses ingeridas foram na verdade montes e montes, e a surpresa confunde. Diante de tantos problemas, a bebida com certeza não era uma delas, mas isso pouco importava. Os fatos apresentados coincidentemente faziam da mentira a verdade. Para evitar a culpa, viam alguém preocupado, chateado, e acima de tudo, nervoso, como alguém sem condições de se comunicar.

Realmente, é mais fácil acreditar num cidadão semi-analfabeto desconhecido do que no próprio filho.

Caído de bêbado? Claro. Tudo para não se responsabilizar pelo furto. Infelizmente, a mentira foi engolida.

Opinião formada, não há como mudá-la. Tentar conversar é inútil, quando ninguém quer ouvir. Quatro da tarde, e diante da preocupação, uma janela esperançosa se abre. Mistério Solucionado. Apenas um mal entendido. Ao mesmo tempo, resolvem a falta da chave. Dirigem de volta pro lar.

Situação resolvida. Recuperar os pertences agora se torna apenas uma questão de tempo. O alívio chega.









Mesmo assim, o silêncio premanesce na casa.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Strike One.

Seria digno usar como alvo de reclamação para a primeira postagem o próprio Blog? Não, não me refiro ao meu Blog, e sim ao Blogger, Blogspot, Google ou seja lá o responsavel por essa merda que me faz sentir mais burro do que já sou. Estaria sendo hipócrita ou essa ferramenta realmente merece conhecer esse meu lado que todas as pessoas (parecem que) adoram? Se foda, fiquei puto já logo de cara, merecendo ou não, tentarei ser o mais agradável possivel.

Pois bem, imagine um Blog criado há mais ou menos uma semana, onde nada ainda havia sido postado porque, lógicamente, o redator não havia se deparado (até o momento) com algo "emputecedor" a ponto de valer a pena ser publicado. Depois imagine que o redator, em um breve momento de bem estar, decide dar um pouco de atenção ao seu Blog(ainda sem postagens), e resolva cuidar do seu layout e afins. Lembre-se que, até então, o redator está num estado normal, quase esperançoso, ainda acreditando que seria uma tarefa fácil e prazerosa. Pouco ele sabia que esse pequeno "fardo" seria o necessário para acabar com a paciência dele.

Primeiro passo, incluir uma foto nessa merda. Um Blog sobre reclamações não estaria propriamente de acordo se não houvesse uma foto no mínimo "grotesca" inclusa no seu cabeçario. Certo, foto escolhida, "enviar arquivo", "salvar alterações". Parecia mágica. Aí veio o primeiro teste de paciência. "Visualizar Blog", clica o redator. QUE PORRA É ESSA?!? BLOG BURRO DA PORRA! OLHA O TAMANHO DESSA MERDA AÍ!!!

Aí o redator, ainda não tão emputecido, tenta remediar a situação e abre a porra daquele Photoshop dele, que trava praticamente todo o seu PCzinho de merda, e abre a mesma foto, afim de redimencioná-la e conseguir o resultado desejado... Dez minutos e cem "foda-se's" depois, segunda tentativa. "Enviar arquivo", "salvar alterações", "Visualizar Blog". PUTA QUE O PARIU SEU FILHO DA PUTA!!! TOMAR NO SEU CU! A MESMA PORRA DE TAMANHO?!? COMO QUE EU FAÇO PRA ARRUMAR ESSA MERDA?!?

Foda-se, perdi a paciência mesmo com essa porra de foto. Melhor arrumar as cores do layout então. PRA QUE TANTAS OPÇÕES?!? EU MUDO A PORRA DA COR MAS AQUI TUDO CONTINUA IGUAL!!! E COM ESSA PORRA DE FOTO GIGANTE DO JOÃO GRITANDO FICA IMPOSSÍVEL DE VER AS ALTERAÇÕES SEM ANTES DESCER A PÁGINA, E SÓ DEUS SABE O QUANDO EU ODEIO FAZER ISSO! ESSE MOUSE VAGABUNDO TÁ COM A RODINHA QUEBRADA! PORRA! FODA ESSA MERDA, HEIN? FODA-SE, VOU ESCOLHER O VERDE MENOS VIADINHO QUE TEM PRA ESSA BOSTA.

Depois disso já era. Não há como voltar ao estado de espirito de antes. O redator "contempla" sua "obra-prima" e não consegue pensar em nada além de "Puta que o pariu, que merda que esse Blog ficou..."

Nesse momento o telefone começa a tocar, ao mesmo tempo que o MSN fica tocando aquela porra de campaínha customizada com o som de aviso de aeroporto, e a porra da empregada que tá lavando o chão do lado do telefone não pode atender porque a "Sra. Dona Rosi falou que é melhor eu não atender" (imagina a merda que ela fez da útima vez que atendeu, pra Sra. Minha Mãe privar ela dessa "delícia" que é atender telefone). O puto do redator sai correndo e chega na sala a tempo de ver a cara de monga dela, com um olhar de "Eu queria ter atendido o telefone, mas eu não posso". O telefone parou de tocar. O redator volta pro seu aposento, mentalmente mandando a empregada por inferno.

Nisso o Twitter enche de novas bobagens, a página com quase dez novos tweets, e o redator ainda puto porque sabe que vai clicar e não vai ler nada que preste, o Twitter nunca tem nada de útil até a hora em que alguém posta um link interessante.

Mas foda-se, mesmo puto, o redator foca-se no Blog, e decide criticá-lo em seu primeiro post. "La Cucaracha" toca logo quando um contato do MSN fica online, no momento o contato é Junior Libano, com o nick: "Junior Codorna... NÃO TO ENTÃO ENCHE" (acho que faltou um "não" aí na frase, mas foda-se)... Não enche, tá certo. veio bem a calhar com a minha opinião. Me deixa terminar essa porra de post pra eu ir almoçar.

Depois de vários parágrafos (bem escritos, na opinião egocêntrica), o redator começa a se questionar se os parágrafos estarão no mesmo formato que estão nessa caixa de texto estúpida, ou se ficarão diferentes e me farão reescrever tudo de novo.

Realmente, o redator ainda está puto, mas não há mais o que comentar. Pouco antes do "Publicar Postagem", o redator abre de novo a janela do orkut, e para sua felicidade encontra ela no meio dos "visitantes recentes" e sua raiva passa. Mesmo sabendo que o fato dela estar lá não vai mudar nada na vida de nenhum dos dois.




PS: Segundos antes de clicar no "Publicar Postagem", o telefone toca novamente, e adivinha? A empregada não atende, o redator corre pra atender, e... "Posso falar com a empregada?".