quinta-feira, 22 de abril de 2010

Only One.

Estamos em conflito com algo além do nosso controle. A cada dia, envelhecemos, e não podemos reverter esse processo. Aproveitar o dia como se fosse o último?

Preferível viver um dia após o outro. Se o seu último dia acontecer de ser ruim, paciência, você teve vários outros que valeram a pena.

Não somos presos a nada. Estar vivo é uma escolha pessoal, e escolher o que fazer de nossas vidas é o que há de mais pessoal nela. Quem julga o que é "aproveitar a vida"? A sociedade? E você com isso? Foda-se o que ela te diz, viva seu dia como você quer vivê-lo. O que você fará se no fim do dia olhar para trás e pensar "Não aproveitei esse dia como se fosse o último..." e subitamente no meio da noite seu coração parar de bater? Morreu miserável, como se devesse ter feito algo diferente. Esquece-se de todos os outros bons momentos que viveu em dias anteriores. Quando o tempo lhe permite, faça aquilo que tem vontade. E lembre que aqueles que talvez venham argumentando "Porque não sai hoje e aproveita o ar livre?" são aqueles que não aceitam o fato de que cada ser humano é singular. Mande-os para o inferno e volte para o sofá em que você estava confortavelmente aproveitando sua pequena folga do mundo.

"Faça por merecer", diz Tom Hanks a Matt Damon em Saving Private Ryan. Não viva pensando nisso. Sua vida não foi dada a você por um preço. Francamente, vencer uma corrida com mais de duzentos milhões de outros competidores já te faz digno do prêmio.

No fim, você não precisa da aprovação de ninguém, além da sua.

domingo, 11 de abril de 2010

Happy Alone.

Assim, as pessoas, de tempos em tempos, se isolam do resto do mundo. Preferem a companhia dos mesmos, e refletem. Se recluem para a solidão, mas não percebem que a solidão é uma mera fantasia utópica criada pelo homem.

Afinal, a pessoa se encontra acompanhada do silêncio, e ironicamente este se expressa mais do que a maioria. O silêncio cria e forma opiniões, controla, toma decisões. É quando estamos na presença do silêncio que podemos perceber a vulnerabilidade do ser à algo tão simples. A pessoa pode tentar contorná-lo, mas estaria rodando em círculos.

Em uma pobre tentativa de acabar com a solidão, a pessoa transforma seus pensamentos em palavras, acaba por ouvir a si mesma, e consequentemente, a discordar com o que ouve.

Este conflito tende a rotacionar continuamente, e a discórdia se transforma em paranóia. Não há mais lucidez, apenas um ser repleto de incerteza. A solidão domina você com frieza, se alimenta da sua disposição, desfoca seus pensamentos. Maliciosamente, ela se disfarça da sua própria imagem, e quando fitamos o espelho, vemos apenas o ódio.

O maior desafio para o ser, é conviver na presença de si mesmo. Se nos isolarmos para evitar a companhia dos insuportáveis, o que fazer quando nos tornarmos insuportáveis à nossa própria companhia?

Concluímos que a solidão nos fere, pelo fato de nunca estarmos completamente sozinhos. Em qualquer momento de isolamento, a pessoa ainda tem a presença de sua conciência, e os pensamentos que involuntariamente vieram até ela.

É quando finalmente percebemos que atrás desse conflito, há uma imagem ofuscada, e a curiosidade nos obriga a nos afastarmos da guerra para distinguirmos o que era aquilo. Quando chegamos onde a imagem se encontrava, não a encontramos, mas nos vemos cercados daqueles que ocupam nossos dias de sentimentos.

Não há a imagem, mas há a clareza. Não está mais cercado de solidão, e sim daqueles que ama. Sua mente está fluindo melhor.

A imagem que te fez seguir adiante e desviar dos ataques nunca chegou a ser devidamente revelada, mas não importa.

Você no fim descobre que era o amor.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Lie.

Em meio a celebração, à mistura de sabores, aos risos, às danças, o sentimento puro contagiava. Era possível vê-lo, nos rostos de cada individuo.

As pessoas se dispersavam enquanto o Sol chegava. A hora de ir. O conto de fadas que supostamente teria um final feliz, transforma-se numa versão pós-moderna de Cinderela, e o encanto acaba.

O desespero toma conta em questão de segundos. A mente dispara. O caos preocupa. O amigo segura as rédeas. Um telefonema para informar a familia, mas a preocupação é constante. Temos agora um pai preparando-se para subir a serra e arrumar a situação. A poucos metros, o carro descansava, e a chave, ia embora.

Roubo? Sim, da alegria e (aparentemente) da liberdade. Chegar em casa, o suor frio era visível, e a incerteza era demonstrada através de palavras gaguejadas. Oito da manhã, e ainda telefonando, tentando se comunicar com alguma alma capaz de amenizar os danos. A preocupação é tanta mas o sono é forte. Às nove, acordar com o medo em pessoa. "Pode ir descansar." ele diz, num tom siciliano, lembrando o poder de Michael Corleone após a morte de seu pai.

A lentidão para processar tanta informação em tão pouco tempo, ainda meio desacordado, intensifica a "prova" de que o álcool consumia o corpo, quando no entanto, era o sono. O odor "comprovava" o consumo, mas este vinha das roupas, e não do hálito. Uma hora da tarde. O pai não se encontra.

A situação faz parecer que as poucas doses ingeridas foram na verdade montes e montes, e a surpresa confunde. Diante de tantos problemas, a bebida com certeza não era uma delas, mas isso pouco importava. Os fatos apresentados coincidentemente faziam da mentira a verdade. Para evitar a culpa, viam alguém preocupado, chateado, e acima de tudo, nervoso, como alguém sem condições de se comunicar.

Realmente, é mais fácil acreditar num cidadão semi-analfabeto desconhecido do que no próprio filho.

Caído de bêbado? Claro. Tudo para não se responsabilizar pelo furto. Infelizmente, a mentira foi engolida.

Opinião formada, não há como mudá-la. Tentar conversar é inútil, quando ninguém quer ouvir. Quatro da tarde, e diante da preocupação, uma janela esperançosa se abre. Mistério Solucionado. Apenas um mal entendido. Ao mesmo tempo, resolvem a falta da chave. Dirigem de volta pro lar.

Situação resolvida. Recuperar os pertences agora se torna apenas uma questão de tempo. O alívio chega.









Mesmo assim, o silêncio premanesce na casa.