sábado, 19 de junho de 2010

Youth.

Descobri a fonte da juventude. Seu elixir não pode ser comprado, não está em prateleiras, não há um preço para ele. É algo que você recebe. Ou descobre.

A fonte da juventude está em todos os lugares, mas cada pessoa deve encontrar sua própria maneira de enxerga-la, para depois, poder beber de sua água.

Relatando minhas próprias experências, hoje sei como alcançar tal fonte. Não precisei procurar tão longe. A resposta veio a mim convivendo com alguém que admiro muito, dona Maria Regina.

Dona Maria Regina, ou dona Nega, como é conhecida, tem sessenta e oito anos. Casada com Nelci, ou seu Ciço. Mãe de duas filhas, avó de três netos. Dona Nega é peculiarmente ativa. Alguns chovinistas poderiam dizer que com quase setenta anos, o melhor para ela seria ficar em casa, cozinhar para o marido, se esconder desse mundo violento que cada vez mais trás saudades de uma época que infelizmente não conheci, e assim, tornar-se um vegetal que os parentes visitariam aos domingos para um almoço.

Felizmente, Dona Nega não dá ouvidos para tais chovinistas. Com a idade que tem, é incrivel acompanhar como a cada ano que passa, vovó parece mais jovem. Acredito que nos últimos anos, Maria Regina aprendeu a nadar, fez cursos de fotografia, internet, além das inúmeras aulas de hidroginastica que até hoje faz, sendo (com orgulho) a mais vivida do grupo.

Suas iniciativas para mim são e sempre foram inspiracionais, mas apenas concluí a simplicidade de permanescer jovem quando, há poucas semanas atrás, vovó Nega realizou o sonho da vida dela.

Conheceu a Europa.

Me emociono quando falo sobre isso. Minha avó é o perfeito exemplo de que gente de bem são recompensadas. Sempre honesta, justa, compreensiva e acima de tudo, simples. Com muita inteligência, admistrou o pouco dinheiro que ganhava, e há desessete anos, viajou para os Estados Unidos, acompanhada do marido, netos, genro e filha.

Ainda assim, o desejo de conhecer o continente europeu ainda permanescia em seu coração.

Levou algum tempo, mas conseguiu. Viajou para a Europa no dia 31 de maio de 2010. Estava tão animada quando descrevia cada cidade que iria visitar, que parecia uma garota.

Hoje sei que vivo para realizar meus sonhos, e quem sabe, viver para sempre.


Vó. Obrigado por tudo. Amo-te.

Vô Ciço, vô Julio e vó Julia. Com vocês aprendi que familia é a única coisa que importa. Obrigado pelos tios que tenho graças a vocês, e aos primos que tenho graças a eles. Estarão para sempre comigo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Untitled.

Nasceu sem complicações, o parto durou o quanto devia durar. Já nasceu chorando, o médico não precisou estimular a respiração com o seu tapa.

Cresceu.

Quando pequeno, conseguiu dar seus primeiros passos na primeira tentativa. Suas primeiras palavras foram pronunciadas sem dificuldade. Anos depois, tirou as rodinhas de sua bicicleta. Os pais orgulhosos, o filho anda pela primeira vez, sem nem um tombo.

Na escola, fez várias amizades. Não havia uma pessoa com quem ele não conversasse. Suas notas, sempre máximas. Era o artilheiro do timinho de futebol.

Aos dezoito anos se apaixonou, e dez anos depois, casou com ela. Entrou na faculdade. Federal. Primeiro vestibular. Durante o curso, estagiou numa única empresa. Foi contratado. Foi promovido.

Trinta anos. A família em volta de um berço. Primeiro filho. Seis anos depois, primeira viagem em família, leva o Júnior pra Disney. O garoto adora, se comporta na viagem toda, ele é o reflexo perfeito do seu pai.

Viveu saudável por noventa e cinco anos. Teve sua esposa ao seu lado, seu filho, seus netos.

Morreu de velho.

Quando a vida passou diante de seus olhos, percebeu que a causa da morte não havia sido a velhice, e sim o tédio. Tédio, por nunca ter errado na vida. Percebeu que era sábio, mas que não aprendeu nada. Tinha tido lembranças boas, mas esqueceu-se que são as ruins que fazem das boas inesquecíveis. Seu único erro foi viver sem errar.

Erro pra caralho, e aprendo com cada um. Terei estórias pra contar.