quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

All You Need.

Maldito romance. Porque existe?

A perversidade do romance me surpreende.

O maldito romance destrói mais corações do que o próprio indivíduo possui. E então quando conseguimos remendar o orgão, juntar os cacos, vem o romance de novo com uma serra elétrica e mais uma vez o massacra.

E algum dia o romance irá triturar o coração de forma que seja impossível remendá-lo de volta. E todos os artifícios que você usava para reanimar a pulsação não serão mais utilizáveis.

Você, sem coração, continua vivendo, moribundo, sem sentimentos. Até o dia que o romance cruzar a sua esquina novamente.

E ele vê você, sem coração, e não sabe aonde atirar.



Então dessa vez, ele mira na sua cabeça.



E com esse tiro você finalmente abre os olhos.
Deixa de sofrer.
Não há mais dor.
Não há mais mentiras.
Só há você e o amor.


O resto do mundo ficou para trás.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Big Brother.

Em situações hipotéticamente insignificantes ou mínimas que percebemos a vulnerabilidade do ser humano.

A fragilidade emocional está em todos, em proporções iguais. O que difere é o catalizador de cada um para que as emoções consumam e controlem o corpo.

Para alguns, esses catalizadores são situações que para outros sejam comuns.

Você está fora de casa, e por acaso se encontra com pessoas passando pelo mesmo. Amizade instantânea, mesmo tendo conhecimento do fim que esse encontro terá.

E a semana passa.

E a notícia vem.

E então, como o castelo de cartas que você fez naquela tarde despreocupada, você desaba.

São apenas sete dias. Sete dias de convivência, e estes sete dias, quando chegam ao fim, te deprimem imensamente.
O ser humano é vulnerável demais.

Vunerável para se deixar abalar com a saudade, com a despedida, mesmo daqueles de quem você mal conhece.
Vunerável também para criar momentos em sete dias que serão lembrados a vida toda.

Mas é com essa vulnerabilidade que percebemos a verdadeira importância das coisas.
É com ela que percebemos que não devemos lamentar a partida ou a perda, mas relembrar as horas agradáveis, e realimentar a possibilidade de um futuro reencontro, o mais tardar que seja.

A vulnerabilidade nos faz distinguir os bons dos maus momentos.

Portanto, obrigado vulnerabilidade, por me fazer tão fraco às pessoas, e a convivência com os mesmos.
Nos veremos em breve.



Dedicado àqueles que sabem a quem me refiro.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Music.

Bate uma impressão de que o tempo chegou. E já está indo.

E você olha pra trás, e não vê felicidade. Você vê indiferença. A indiferença deprime. Você compara sua vida como a abertura de um filme. mais de duas décadas se passam em uma sequência editada de dois minutos e pouco, e uma trilha bem escolhida só te faz acreditar de que o que a cena mostra é a mais pura realidade.

Agora você acredita no que os outros dizem que sua vida é, no que os outros dizem que sua vida foi, e tem sido. Suas músicas preferidas passam a dizem o mesmo, coincidentemente.

Para você, seus vinte e um anos foram tão interessantes quanto alguns minutos de sua vida com The Times They Are A-Changin' tocando ao fundo. Seus relacionamentos foram todos Everchanging's.


Então você começa a afundar.


E esquece que seu caminho teve outras trilhas sonoras. Você não é só mais um operário em Construção.

Em seus relacionamentos, você encontrou uma Jessie's Girl. Sua vida não foi inteira Sound Of Silence. Também houveram Mrs.Robinsons, New Age Girls.

Sua vida sempre terá One Fine Day. Tudo em prol de se tornar um Betterman.

domingo, 19 de setembro de 2010

Hippopotamus.

A maioria das pessoas passa a vida inteira sem enxergar. São as pessoas que, pela sociedade, são consideradas "felizes".

Essas pessoas "felizes", ou "cegas", são aquelas que vivem sem preocupações, aquelas que realmente acreditam que todo ser humano tem um lado bom, e aquelas que acham que o mundo é um lugar perfeito. Isso se realmente acreditarem no que pregam.

Pessoas "felizes" são hipócritas. Hipócritas porque, embora exteriormente estejam sorrindo, seus interiores estão em prantos. Hipócritas porque fazem questão de demonstrar o quanto são melhores que as pessoas "realistas", quando na verdade fazem isso para ofuscar a verdadeira inferioridade.

E principalmente, hipócritas porque dizem ajudar o mundo a alcançar a perfeição, enquanto esta nunca será alcançada enquanto houver hipocrisia nele.

Infelizmente, a hipocrisia está em todo lugar.

Vemos constantemente vegetarianos que dizem não comer carne pelo maltrato do animal, mas vão para casa depois e comem um ovo, no qual o animal que forneceu o alimento também foi maltratado, passando a vida inteira enjaulado, apertado a seus semelhantes, e vivendo apenas para atender suas necessidades.

Infelizmente, a hipocrisia está em todo lugar.

Vemos ativistas de organizações não governamentais constantemente revoltados com as madames que usam casacos de pele, mas direcionam essas revoltas apenas aos coelhos, chinchilas, esquilos, esquecendo que o próprio couro também deríva de um animal.
Acho que faz sentido se revoltar por um casaco de animal que é vendido por milhões, invés de dar atenção para o casaco a preço de banana, do animal que foi abatido com a mesma brutalidade, não é?

Infelizmente, a hipocrisia está em todo lugar.

E a hipocrisia continua, se alastra.
Está na política, o habitual debate, onde nos deparamos com o "sujo falando do mal-lavado".
Está no trabalho, os metidos a fodões que tratam mal seus empregados, esquecendo que também têm chefes.
Está na família, o pai que manda o filho a se comportar, quando na idade dele era ainda mais desobediente.
Está na religião.
Na religião.
Com certeza, na religião.
Nem preciso de exemplos.

E infelizmente, a hipocrisia só cresce.
Só contamina.
Só infecta.





Infecta tanto, que prefiro concluir por aqui. Ou seria um hipócrita.

sábado, 19 de junho de 2010

Youth.

Descobri a fonte da juventude. Seu elixir não pode ser comprado, não está em prateleiras, não há um preço para ele. É algo que você recebe. Ou descobre.

A fonte da juventude está em todos os lugares, mas cada pessoa deve encontrar sua própria maneira de enxerga-la, para depois, poder beber de sua água.

Relatando minhas próprias experências, hoje sei como alcançar tal fonte. Não precisei procurar tão longe. A resposta veio a mim convivendo com alguém que admiro muito, dona Maria Regina.

Dona Maria Regina, ou dona Nega, como é conhecida, tem sessenta e oito anos. Casada com Nelci, ou seu Ciço. Mãe de duas filhas, avó de três netos. Dona Nega é peculiarmente ativa. Alguns chovinistas poderiam dizer que com quase setenta anos, o melhor para ela seria ficar em casa, cozinhar para o marido, se esconder desse mundo violento que cada vez mais trás saudades de uma época que infelizmente não conheci, e assim, tornar-se um vegetal que os parentes visitariam aos domingos para um almoço.

Felizmente, Dona Nega não dá ouvidos para tais chovinistas. Com a idade que tem, é incrivel acompanhar como a cada ano que passa, vovó parece mais jovem. Acredito que nos últimos anos, Maria Regina aprendeu a nadar, fez cursos de fotografia, internet, além das inúmeras aulas de hidroginastica que até hoje faz, sendo (com orgulho) a mais vivida do grupo.

Suas iniciativas para mim são e sempre foram inspiracionais, mas apenas concluí a simplicidade de permanescer jovem quando, há poucas semanas atrás, vovó Nega realizou o sonho da vida dela.

Conheceu a Europa.

Me emociono quando falo sobre isso. Minha avó é o perfeito exemplo de que gente de bem são recompensadas. Sempre honesta, justa, compreensiva e acima de tudo, simples. Com muita inteligência, admistrou o pouco dinheiro que ganhava, e há desessete anos, viajou para os Estados Unidos, acompanhada do marido, netos, genro e filha.

Ainda assim, o desejo de conhecer o continente europeu ainda permanescia em seu coração.

Levou algum tempo, mas conseguiu. Viajou para a Europa no dia 31 de maio de 2010. Estava tão animada quando descrevia cada cidade que iria visitar, que parecia uma garota.

Hoje sei que vivo para realizar meus sonhos, e quem sabe, viver para sempre.


Vó. Obrigado por tudo. Amo-te.

Vô Ciço, vô Julio e vó Julia. Com vocês aprendi que familia é a única coisa que importa. Obrigado pelos tios que tenho graças a vocês, e aos primos que tenho graças a eles. Estarão para sempre comigo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Untitled.

Nasceu sem complicações, o parto durou o quanto devia durar. Já nasceu chorando, o médico não precisou estimular a respiração com o seu tapa.

Cresceu.

Quando pequeno, conseguiu dar seus primeiros passos na primeira tentativa. Suas primeiras palavras foram pronunciadas sem dificuldade. Anos depois, tirou as rodinhas de sua bicicleta. Os pais orgulhosos, o filho anda pela primeira vez, sem nem um tombo.

Na escola, fez várias amizades. Não havia uma pessoa com quem ele não conversasse. Suas notas, sempre máximas. Era o artilheiro do timinho de futebol.

Aos dezoito anos se apaixonou, e dez anos depois, casou com ela. Entrou na faculdade. Federal. Primeiro vestibular. Durante o curso, estagiou numa única empresa. Foi contratado. Foi promovido.

Trinta anos. A família em volta de um berço. Primeiro filho. Seis anos depois, primeira viagem em família, leva o Júnior pra Disney. O garoto adora, se comporta na viagem toda, ele é o reflexo perfeito do seu pai.

Viveu saudável por noventa e cinco anos. Teve sua esposa ao seu lado, seu filho, seus netos.

Morreu de velho.

Quando a vida passou diante de seus olhos, percebeu que a causa da morte não havia sido a velhice, e sim o tédio. Tédio, por nunca ter errado na vida. Percebeu que era sábio, mas que não aprendeu nada. Tinha tido lembranças boas, mas esqueceu-se que são as ruins que fazem das boas inesquecíveis. Seu único erro foi viver sem errar.

Erro pra caralho, e aprendo com cada um. Terei estórias pra contar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Noise.

Descobri que não ligo para aqueles que provavelmente falam de mim pelas costas. Descobri isso através da música.

A música tem seus estilos, seus gêneros, seus públicos. Faço parte do pequeno público eclético, que considera "bom" qualquer barulho que me faça sentir bem. A minha música me faz sentir bem. Acredito que nenhuma outra pessoa se sinta assim em relação ao que sai da minha habilidade musical. Sim, habilidade, porque certamente, talento eu nâo tenho.

Admito, sem relutar. "Talento? Eu? não.". Mas depois encontro uma certa relatividade nesse termo. Talento pra me entreter, eu tenho. Talento para incomodar qualquer outro ouvindo, eu tenho. Indo nessa linha de pensamento, eu tenho talento! Agora, analizo as bandas da atualidade.

Restart. Banda mediocre, não preciso de mais adjetivos. Cheia de talentos. Acredito que a banda tem talento suficiente para encher os bolsos dos pivetes, no mínimo. Quem sabe, talento para por um sorriso no rosto da mamãe de cada um deles, ou até para fazer essa "Doomed Generation" de hoje chorar de alegria ao ver os "gatinhos" pulando no palco.





Desculpe. Tive que parar o que estava fazendo quando digitei "gatinhos". Quando lembro dessa palavra, é inevitável para mim não lembrar de Jonah Hill no filme Funny People imitando um gatinho no YouTube.





Voltando. Restart, portanto, tem esse talento. Também tem o talento que eu tenho para fazer música ruim, e provavelmente tem o talento de se entreterem com essa música.

Com tantos talentos em comum, me pergunto se um dia alguém irá me descobrir e me por num palco na frente da garotada enquanto todos os músicos de verdade ficam em casa falando mal e ganhando pouco.

Puff.

Acordei desse pesadelo. Se um dia tiver o prazer de estar num palco, que seja junto aos meus amigos, aqueles que tem o verdadeiro talento. Eu estaria lá como um host, não como um músico.

Me contento sabendo que a "música" que sai da minha guitarra, e o som que sai da minha voz, são o que o mundo considera lixo. E espero que esse mundo decadente nunca descubra meu lixo, ou será mais uma bomba na cultura que os gênios mais consagrados contruíram e que cada vez mais vem acabando.

Talvez um dia eu tente aprender a fazer música de verdade, fazer o que os Beatles fizeram, o que o The Who fez (e ainda faz), e assim eliminar de vez qualquer chance do meu lixo ser exposto.

Saudades do tempo que não viví, em que o talento era reconhecido, e o lixo, despejado.